A Inconfidência Mineira foi um golpe de estado fracassado, fomentado por oligarquias que relutavam contra a cobrança de 20% de imposto.

É deveras incômodo que 21 de abril seja um feriado nacional em comemoração ao dia em que foi executado o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o boi de piranha de um golpe de estado fracassado que objetivava não a independência do Brasil, mas a de uma região específica das Minas Gerais, cuja a capital seria São João Del Rey.
A palavra inconfidência significa desobediência ao rei. Assim definido nas Ordenações Filipinas, o crime de inconfidência ou lesa- majestade era um leque de muitas situações, classificadas em "capítulos da primeira e da segunda cabeça". Entre os da primeira cabeça seria a traição, a insurreição, a autoria ou cumplicidade em atentados contra o rei, contra sua família ou contra qualquer pessoa que estivesse em sua companhia ou, até mesmo, a destruição de imagens do soberano, armas ou símbolos representativos do reino ou da casa real. Qualquer desses crimes deveria ser punido com a pena de "morte natural cruelmente", ou seja, execução pública por meio de torturas. Todos os bens dos justiçados passariam para a Coroa e duas gerações de descendentes ficariam "infamados para sempre, de maneira que nunca possam haver honra de cavalaria, nem de outra dignidade, nem Officio; nem possam herdar a parente, nem a estranho abintestado, nem per testamento, em que fiquem herdeiros, nem poderão haver cousa alguma, que lhes seja dada, ou deixada, assi entre vivos, como em ultima vontade, salvo sendo primeiro restituidos á sua primeira fama e stado".


Embora a historiografia oficial considere a inconfidência mineira (1789 é o ano da prisão dos conspiradores) como uma grande luta para a libertação do Brasil da coroa portuguesa, o historiador inglês Kenneth Maxwell, autor de "A devassa da devassa" (Rio de Janeiro, Terra e Paz, 2ª ed. 1978.) que esteve recentemente no Brasil, diz que "a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa.
Esses novos estudos apresentam um Tiradentes bem mudado: sem barba, sem liderança e sem glória. Segundo Maxwell, Joaquim José da Silva Xavier não foi senão o "bode expiatório" da conspiração. (op.cit., p. 222) "Na verdade, o alferes provavelmente nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos mais amplos do movimento." (p.216) O que é natural acreditar. Como um simples alferes (o equivalente a tenente, hoje) lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores?



O biógrafo Márcio Jobim descarta a possibilidade de um Tiradentes pobre e defensor dos mesmos. Isso é uma mentira, declara o biógrafo.
"Tiradentes foi um homem comum de sua época. Não era pobre, teve fazenda, ganhava relativamente bem com as profissões de alferes (posto militar equivalente ao de tenente) e de dentista. Portanto, tinha escravos, assim como a maioria dos homens das classes média e alta”. Aí temos outro ponto, que contradiz a História Oficial. Assim como Zumbi dos Palmares, Tiradentes também tinha escravos. A liberdade pregada por ele era a liberdade política e econômica. Em em relação à data da prisão de Tiradentes ocorrida em 1789 (22 de maio de 1789 é a data do primeiro interrogatório) até a sua execução em 21 de Abril de 1792, a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro do mesmo ano a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
A chamada Revolução Francesa é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea, pois proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Será que os franceses se inspiram na idéia de meia duzia de habitantes da desconhecida Capitania de Minas Gerais?
A Carta dos Direitos do Homem aboliu a servidão, coisa não imaginada pelos chamados inconfidentes, pois todos eram de classe média e alta e todos possuíam escravos. Não há um documento que mostre os inconfidentes como abolicionistas. Ao contrário, muitos eram fazendeiros e donos de lavras, com mão de obra escrava, fato corriqueiro em todo o continente.



Quem nos deu a independência de todo o país, não apenas de Minas Gerais, foi o diguiníssimo senhor Dom Pedro I, 33 anos após o episódio da chamada Conjuração Mineira, atendendo ao anseio secular de toda sociedade civil. Assim como o seu filho, o imperador Dom Pedro II, que também nos deu a Lei Áurea acabando com a escravidão no Brasil, contrariando todos os interesses econômicos e financeiros de toda a sociedade civil, foram sem dúvida os dois maiores homens que que o Brasil produziu.
Dom Pedro I, segundo a biografia oficial, era maçom e foi também o autor do hino da maçonaria do Brasil. Dizem os historiadores revisionistas que a maçonaria foi quem tramou a nossa independência. Ora bolas, caçarolas. Então por que não tramou uma independência com a instauração de uma república ao invés de tramar uma independência nos moldes de uma monarquia constitucional? Que maçonaria é essa que em pleno 1822 apoiaria um governo monárquico ao invés de um governo republicano?




Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo pintou o Martírio de Tiradentes - 1893, 101 anos após a data do suposto enforcamento.

Quanto à sua imagem semelhante a de N.S. Jesus Cristo, retratada cem anos após a sua morte na forca, ainda sob suspeita, Tiradentes teria sido preso e morto em três anos, o que não justifica os seus longos cabelos pois os prisioneiros da época tinham seus cabelos raspados.
Tiradentes era militar, não era um pobretão e tinha sim alguma influência. Quando tinha 40 anos engravidou uma mulher de 17 anos e a filha dessa união teve como padrinho um dos homens mais ricos da época, Domingos de Abreu Vieira (companheiro no movimento conspiratório). Quando se separou desta mulher, pelo comportamento da mesma (segundo documentos históricos), ele lhe deu uma casa e uma escrava, o que não condiz com sua imagem de pobre e muito menos abolicionista.
O que na verdade aconteceu com os chamados inconfidentes foi uma revolta mais que justa contra a cobrança do chamado Quinto, 20% sobre a produção do ouro lavrado das minas. Muitos dos revoltosos eram exploradores de ouro e evidentemente com mão de obra escrava. O episódio chamado A Derrama está muito bem documentado e é só clicar no google que se obtém uma ampla explicação dos fatos. O fato é que a Inconfidência Mineira foi um golpe de estado fracassado, fomentado por oligarquias que relutavam contra a cobrança de 20% de imposto. A carga tributária desses governos socialistas atuais é superior a 38% ( o dobro) e ninguém reclama, muito menos os historiadores revisionistas e socialistas que escrevem história baseados em paixão, excetuando a fundamentação em documentos.


O historiador Austregésilo Cerqueira Nunes acaba de publicar colossal estudo O enforcado que deu no pé, Dubolso, 2007, 666 páginas, com o objetivo de provar que Tiradentes não morreu na forca. Muitos estudiosos vêm há anos debulhando o mesmo assunto, mergulhados nas brumas que cercam o mais famoso episódio de nossa história. Tornaram-se transparentes, hoje em dia, vários tópicos obscuros da malograda conspiração. Sabe-se agora que Cláudio Manuel da Costa não se suicidou, mas foi assassinado para não delatar gente graúda (ver Silviano Santiago "Em liberdade", segunda parte).
O principal delator, Joaquim Silvério dos Reis - e poucos sabem disso - foi tio-avô do intrépido Duque de Caxias, fato amplamente documentado, e que nunca aparece na biografia do ilustre militar. Que o poeta Tomás Antônio Gonzaga era apaixonado por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília de suas comoventes liras, está nos livros escritos pelo poeta e nas cartilhas escolares.
Mas quase ninguém se refere a Marília loura, a outra, com quem teve um filho.
(http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=599&IdColunaEdicao=3383)


A Folha de S. Paulo publicou um artigo (21-04-98) no qual se comentam os estudos do historiador carioca Marcos Antônio Correa. Correa defende que Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792. Ele começou a suspeitar disso quando viu uma lista de presença da Assembléia Nacional francesa de 1793, onde constava a assinatura de um tal Joaquim José da Silva Xavier, cujo estudo grafotécnico permitiu concluir que se tratava da assinatura de Tiradentes. Segundo Correa, um ladrão condenado morreu no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida pela maçonaria. Testemunhas da morte de Tiradentes se diziam surpresas, porque o executado aparentava ter menos de 45 anos. Sustenta Correa que Tiradentes teria sido salvo pelo poeta Cruz e Silva (maçom, amigo dos inconfidentes e um dos juízes da Devassa) e embarcado incógnito para Lisboa em agosto de 1792.
Isso confirma o que havia dito Martim Francisco (irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva): que não fora Tiradentes quem morrera enforcado, mas outra pessoa, e que, após o esquartejamento do cadáver, desapareceram com a cabeça, para que não se pudesse identificar o corpo.
Sobre o livro do historiador Kenneth Maxwell, consulte o site abaixo.
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=historia&artigo=tiradentes〈=bra

José Márcio Castro Alves

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19 comentários:

  1. Muitas vezes o mito é mais importante do que a crua e insípida verdade histórica. E isso em qualquer país (especialmente nos EUA).Tiradentes é importante e merece o feriado porque é um exemplo de pessoa que amava o Brasil e foi fiel a esses valores até a sua morte.

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    3. Restaure a ordem. Restaure o império do Brasil. Único governo que deu certo no país. Desafio alguém me provar se teve algum governo republicano melhor que o governo imperial principalmente o segundo reinado. Desafio alguém me provar se teve algum presidente melhor chefe de estado do que o nosso imperador Dom Pedro II.

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    4. Tiradentes Lutou para a Independência de Minas Gerais, NUNCA foi pala Independência do Brasil. Por isso foi perdoado pela rainha dona Maria de Portugal. Também era Maçônico; pobre não pode pertencer à maçonaria por óbvio! Heroi do Brasil foi José Bonifácio que convenceu Dom Pedro I proclamar nossa independência mas NÃO é lembrado!

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  2. Acho um absurdo povoar a mente de nossos filhos na escola com as mesmas mentiras que éramos obrigados a engolir quando crianças, já que na época ninguém se atrevia a buscar a verdade. Está mais que na hora de rever os conceitos pedagógicos da educação brasileira, pricipalmente no que se refere à nossa própria história. No lugar de contar lorotas e criar mitos e heróis que nunca existiram, penso que há muitos outros conteúdos que podem ser explorados (e verdadeiros). Imaginem a minha indignação, como brasileira e cidadã, aos 37 anos, descobrir que a grande maioria do que aprendi a cultuar como respeitável na escola (inclusive com direito a feriado nacional), não passou de uma grande farsa com um sórdido jogo de interesses como pano de fundo. Sou a favor da verdade e, por mais crua e insípida que seja a verdade histórica, que ela ao menos se baseie em fatos reais, que possam ser provados, caso contrário, continuaremos repetindo os mesmos erros do passado e, pior, deixando um legado terrível aos nossos filhos, que não hão de se tornar outra coisa do que cidadãos alienados, incapazes de questionar a avalanche de mentiras que lhes são impostas por um sistema educacional falho e duvidoso. Leonora Louzada.

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  4. a inconfidência mineira foi uma historia muito interessante, por que fala sobre os negros nos ensinando muita coisa que devemos respeita los porque eles foram muito importantes para a história.

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  5. Estudar a história das Minas Gerais antes de sair comentando/publicando absurdos como o seu e deste inglês - que não deve conhecer tão bem nem a história de seus antepassados - é muita areia para meu caminhão. Leia os Autos da Devassa e outras obras que retratam a época. Nenhuma tradição pode ser apagada tão facilmente da historiografia de um povo. Tenha paciência, pesquise a verdade, conheça os locais e depois, muito depois, emita uma opinião. Já passei dos 60 e minha opinião continua somente minha, até por enquanto. Quando não, Sérgio

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    1. Parabéns pela sua opinião Sérgio, o tradicionalismo esta no sangue de todos os mineiros

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  6. Sou mineiro e pena que a inconfidência não deu certo, quem sabe minas hoje um pais seria bem melhor que o Brasil.

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  7. Sou mineiro e pena que a inconfidência não deu certo, quem sabe minas hoje um pais seria bem melhor que o Brasil.

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  8. Eu, como policial militar, fico numa situação difícil da porra. Não acredito nos livros pedagógicos, porém sou militar.

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